História

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GINÁSIO CLUBE DE CORROIOS, UMA COLECTIVIDADE COM MAIS DE MEIO SÉCULO

A fundação e os primeiros anos da colectividade

O Ginásio Clube de Corroios, colectividade de utilidade pública, foi fundado a 10/02/1946, tendo nesta data os seus estatutos sido aprovados por um conjunto de homens bons que ansiavam ver implantada na sua terra as práticas do desporto, da cultura e do receio.

Entre sócios fundadores, muitos dos quais já tinham feito parte da primitiva colectividade da freguesia, União Correense Futebol Clube, aqui existente ao que parece desde 1936, recordam-se nomes como; Guilherme Ferreira, Manuel Marques, José Espinheira, Avelino Gonçalves, Emílio Fernandes, José Fernandes, Orlando Gonçalves, José Figueiredo e Ilídio Elias.

A dificuldade que estes homens tiverem em arranjar edifício, que pudesse ser utilizado como sede própria, surge logo no início, não sendo tarefa fácil de resolver em virtude de não receberem qualquer apoio por parte das entidades oficiais. Com a necessidade imperiosa de um espaço para reunir, e enquanto não era possível conseguir instalações definitivas, a direcção decide alugar a antiga adega da Quinta da Água (actualmente Escola Secundária João de Barros), pertencente ao proprietário Manuel Saraiva de Carvalho, então presidente da Casa do Povo de Corroios, nesse tempo dito de Amora.

Lançando mãos à obra limparam as velhas instalações, repararam o telhado, construíram um palco, um minibar e um pequeno gabinete de direcção. O chão era de terra e os bancos corridos. Especialmente com o dinheiro do bar e de algumas festas a colectividade foi substituindo e promovendo a prática do futebol e do teatro. Nestes primeiros tempos de existência era igualmente comum para entretenimento dos associados a dinamização de jogos de mesa e a organização de campeonatos de chinquilho. Promoviam-se bailes quase todos os fins-de-semana embora os mais concorridos fossem os do Carnaval, Santos Populares, Ano Novo e Pinha. O conjunto musical que normalmente abrilhantava esta colectividade era dominado "Os limpinhos da Amora".

No que diz respeito a festas, ficaram na memória as que se realizaram para angariar fundos destinados à reconstrução da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Graça em Corroios, particularmente aquela que se realizou nestas instalações da antiga Adega da Quinta da Água, popularmente designado por barracão, e em que esteve presente gratuitamente a cantora Hermínia Silva.

No que diz respeito ao futebol as equipas nestes primeiros tempos de vida da colectividade vestiam-se igualmente nas instalações da Quinta da Água, dirigindo-se posteriormente, então já equipadas, para o campo onde se realizavam os jogos, o qual se situava na Quinta do Conde próximo de São Nicolau, quase a 1 quilómetro de distância e onde aliás ainda hoje se mantém.

Na área do teatro foram muitos os nomes das peças levadas à cena das instalações da Quinta da Água, salientando-se os seguintes: João Corta Mar, O Diabo à Solta, Dois Estroinas, Julgamento no Samouco, Ressonar sem Dormir e A cegueira.

Os actores eram os próprios associados da colectividade e os ensaiados Emílio Fernandes de Corroios e Joaquim Jota da Amora.

Para além dos residentes na freguesia, acorriam aos espectáculos gentes vindas de todas as povoações vizinhas, encontrando-se a lotação da sala quase sempre esgotada.

Como alargamento da Estrada Nacional 10 junta a Autónoma das Estradas sem aviso prévio e com a conivência do proprietário destrói as instalações da Adega da Quinta da Água onde a primitiva Sede Social se localizava e consequentemente todos o património cultural até aí construído.

Foi um rude golpe para a massa associativa e população em geral que deixou assim de ter local apropriado para poder exercer as actividades inerentes à sua colectividade. Nesta difícil situação um grupo de associados teve a iniciativa de contactar António Marques Pequeno para aquisição de uma pequena parcela de terreno na sua Quinta do Conde, o qual veio a ser comprado por 30 mil escudos e pago em prestações anuais de 2 mil escudos.

De posse do terreno e com o sacrifício de grande parte dos associados construi-se uma esplanada e um palco de betão, com cave a toda a largura do terreno, a qual serviu de sede social durante muitos anos. Mais tarde foi construído o telhado da referida esplanada que servia simultaneamente de salão de festas e de ginásio às crianças da freguesia.

A INAUGURAÇÃO DO CINE-TEATRO EM 1975

Por privilegiar, para além do sector desportivo, igualmente um sector cultural, por possuir um grupo cénico desde os tempos mais recuados e por saber não existir na freguesia de Corroios ou próximo dela sala de cinema ou de teatro, no princípio dos anos setenta a direcção do G.C.C., e uma dinamizadora comissão de obras com o apoio e trabalho generoso dos sócios, muito espírito de sacrifício e dedicação, vieram a levantar uma grandiosa sala de espectáculos que se tornaria a única ao seu tempo num raio de muitos quilómetros.

Em Maio de 1975 escrevia a respeito da mesma o Jornal Tribuna do Povo: “Uma grandiosa obra que hoje se pode ver. Uma ampla e moderna sala de espectáculos com 500 lugares na plateia e 186 no balcão, sanitários como manda a lei, sala de máquinas, biblioteca, bares, gabinete da direcção tudo um mimo. E um palco amplo com écran do melhor que há. O cortinado da frente dizem-nos que foi fruto da dedicação e do trabalho das senhoras que angariaram os 16 contos necessários para o pano e trataram pessoalmente do resto.”

Ainda em relação ao Cine-teatro diz-nos o mesmo Jornal em Setembro de 1978: “Lançaram mãos à obra e construíram por conta própria com as suas próprias mãos um cine-teatro com um palco magnífico e com um ciclorama que nem muitos cinemas comerciais possuem e duas máquinas de projectar que apresentam um total de doze sessões cinematográficas semanais.”

Viria a ser nesta sala que ao longo dos seguintes anos foram também igualmente levadas à cena diversas revistas populares e peças teatrais onde conceituadíssimos artistas representam. As próprias escolas da freguesia e outros grupos culturais sempre tiveram acesso a esta magnífica sala para apresentação de festas ou outros espectáculos diversos.

As próprias escolas da freguesia e outros grupos culturais sempre tiveram acesso a esta magnífica sala para apresentação de festas ou outros espectáculos diversos.

Ainda em Maio de 1975 o mesmo jornal periódico referido anteriormente escrevia “Deve-se dizer antes de mais que esta colectividade com 900 sócios vem promovendo o desporto na Terra de um modo notável. Além do futebol praticado nos fins de semana por uns 400 jovens tem a funcionar a secção de ginástica com cerca de 300 crianças talvez no concelho a que leva mais a sério esta iniciativa.” “A biblioteca está a funcionar com cerca de 600 obras. A Gulbenkian correspondeu ao pedido que lhe foi dirigido com algumas obras o M.E.C. deu um sinal de esperança.”

Já nesta época o Ginásio Clube de Corroios era filiado na federação das colectividades de cultura e receio assim como na federação de campismo e caravanismo.

A CONSTRUÇÃO DA NOVA SEDE SOCIAL E DO GIMNODESPORTIVO EM 1978

Com o fim de poder proporcionar aos associados um melhor espaço de encontro e á população de Corroios, particularmente á crianças, condições adequadas á prática da ginástica e de outras modalidades desportivas, a direcção do G.C.C. decide em princípios de 1978 arrancar com as obras da sua nova Sede Social e de um minipavilhão gimnodesportivo.

Sem qualquer apoio oficial estatal os homens que se encontravam á frente da colectividade viram-se obrigados a hipotecar as instalações do cine-teatro para conseguir um empréstimo de 5 mil contos por parte da Caixa Geral de Depósitos dos 7 mil necessários para a totalidade da obra. Este empréstimo acarretava um encargo financeiro diário da ordem dos 3 mil escudos que essencialmente os fundos oriundos das projecções cinematográficas tentavam cobrir.

Conforme nos relata o Jornal Tribuna do Povo de 22/12/78, apesar de muitas dificuldades “Esta obra seria inaugurada a 7 de Dezembro de 1978 com a presença do Sub-Secretário de Estado da Direcção Geral de Desporto, compondo-se a Sede Social de excelentes instalações que compreendiam: na cave; uma sala de jogos e camarins; ao rés-do-chão duas salas de convívio e de jogos; uma biblioteca; uma sala de troféus; um gabinete de direcção; sanitários; casas-de-banho e bar; no 1º andar situa-se o espaçoso ginásio (19×15) circundando por uma galeria e apetrechada para a prática da ginástica”.

Na década de oitenta, já no usufruo da nova Sede Social, o G.C.C. continua a dar larga importância á modalidade do futebol ao nível dos quatro escalões (iniciados, juvenis, juniores, e veteranos) mas igualmente a outras modalidades onde se destacam a ginástica, 400 participantes, o badminton, o xadrez, o teatro, o campismo e a dinamização de um grupo de majoretes sempre muito solicitados em cortejos, desfiles ou aberturas de festas.

Final dos anos 90 início do novo milénio

PRINCIPAIS MODALIDADES DESPORTIVAS PRATICADAS NOS ANOS NOVENTA

Tal como o logótipo do G.C.C. nos mostra, o Futebol sempre foi e continua a ser o expoente máximo do desporto na colectividade. Efectivamente a nível desportivo ainda que se pratiquem modalidades, como o Minibasquetebol, a Aeróbica, o Step, o Judo, O Karaté, o Ninjutso ou o Ruy San Ryu, em termos de atletas envolvidos e de animação de associados, nenhuma outra actividade é tão querida como o Futebol. Sendo uma actividade praticada desde as primeiras horas da fundação, nunca no entanto a mesma esteve dirigida aos escalões seniores como acontece em tantos outros clubes desportivos.

O G.C.C. sempre foi uma escola de pequenos grandes jogadores onde os infantis, iniciados, juvenis e juniores aqui preparados muitas vezes tiveram como destino último grandes equipas do futebol português, tendo nalguns casos mesmo envergado a camisola das quinas.

Foi exactamente em 1978 que esta colectividade iniciou o seu percurso futebolístico federado tendo daí para cá com equipas de crianças, adolescentes e jovens alcançado por diversas vezes os títulos de campeão distrital para os diferentes escalões.

A pensar no desporto-rei a colectividade tem feito na última década com o apoio da autarquia local diversas obras de melhoramento do seu campo, incluindo balneários e bancadas para satisfação dos praticantes e dos muitos adeptos que assistem aos jogos.

No domínio dos desportos de combate, defesa pessoal e artes marciais destacam-se, como modalidades praticadas, o Karaté, onde a colectividade ganhou o 1º lugar por equipas, escalão infantis, em 1997, assim como o Ruy San Ryu onde Sérgio Barry foi campeão europeu em 1994, na categoria dos 63 kg e vários outros atletas obtiveram títulos nacionais.

Também o Ninjutso, arte marcial rara, antiquíssima e originária do Japão feudal é praticada nesta colectividade quase que em exclusividade, em vasta área a sul do Tejo. Tal facto tem levado a que muitos programas de televisão se tenham interessado pela sua demonstração e solicitado exibições aos atletas locais, que em estúdio têm actuado. Por último, não pode ser deixado por referir a ginástica, particularmente na especialidade de Aeróbica e Step, praticada na colectividade por imensos participantes, sendo periodicamente alvo de animados saraus.